Após morte de adolescente em Silvânia, família aciona Estado de Goiás na Justiça
A família cobra reparação por danos morais e materiais no valor mais de R$ 1,2 milhão

A família de Thalisson Ferreira dos Santos, 14 anos, morto em setembro de 2024 pelo policial civil Josimar Pereira Batista, 51, em Silvânia, entrou com uma ação contra o Estado de Goiás na Vara da Fazenda Pública de Goiânia. O processo, que já foi recebido pela Justiça, cobra reparação por danos morais e materiais no valor mais de R$ 1,2 milhão. Agora o Estado tem 30 dias úteis para apresentar defesa.
De acordo com o advogado da família, Walisson dos Reis Pereira da Silva, a ação busca reparação por danos morais e materiais decorrentes da morte brutal do adolescente, que teria sido assassinato pelo policial civil fora de serviço.
Para a defesa a responsabilidade do Estado é objetiva. O advogado argumenta que, mesmo fora do expediente, Josimar usou sua posição funcional para atrair e dominar a vítima. Além disso, o Estado já tinha conhecimento da instabilidade emocional do policial e, mesmo assim, manteve o porte de arma sem medidas preventivas eficazes, o que configuraria omissão grave.
Segundo a investigação, Thalisson foi submetido a violência extrema e sofreu asfixia e estrangulamento. Josimar ainda tentou esconder provas, como os celulares dele e da vítima, e só se apresentou à delegacia no dia seguinte, acompanhado de advogado, quando confessou o crime. A motivação foi apontada como sendo de caráter pessoal, com indícios de vingança e abuso sexual, conforme registros do inquérito.
O advogado da família questiona a fiscalização da conduta de agentes públicos, especialmente os armados, e reforça o dever do Estado de proteger crianças e adolescentes. Ele também explica que a família, beneficiária do Bolsa Família, pleiteia pensão por danos materiais, considerando a expectativa de que o jovem contribuiria financeiramente no futuro.
Abordagem e desaparecimento do adolescente
Na noite do dia 8 de setembro, o adolescente Thalisson foi abordado pelo policial civil Josimar enquanto caminhava pelas ruas da cidade. Na época, imagens de câmeras de segurança registraram o momento em que o policial para o carro ao lado do jovem e o convence a entrar no veículo. Horas mais tarde, o suspeito leva o menino ao Hospital Municipal, já sem vida.
No inquérito, Josimar levou o garoto até sua propriedade rural na região de Vianópolis, alegando que Thalisson seria suspeito de ter furtado uma sandália Havaianas em sua propriedade rural, na semana anterior. Durante o trajeto, o jovem teria itido o furto. Ao chegarem ao local, o policial cometeu a violência que resultou na morte do adolescente por asfixia.
O policial foi preso após se apresentar na delegacia, acompanhado de um advogado. Em depoimento, Josimar alegou ter ficado muito abalado após ser furtado pelo garoto e isso teria influenciado sua atitude contra o adolescente, mas que não tinha intenção de matar. 13 dias após ter assassinado o garoto, o suspeito foi encontrado morto dentro da cela.